Isca
Um dia chuvoso com as águas escorrendo pelas sarjetas como pequenos riachos. Um dia que ninguém teria motivo pra sair nas ruas.
Entretanto, um menino em capa de chuva corria, seguindo um barquinho de papel.
"Lá vai o Titanic. Túúúú." Mas a alegria da criança deu lugar ao pânico quando viu seu barco indo direto pro escoadouro. Apertando o passo, correu a toda pra tentar seu brinquedo, mas era tarde demais. O pequeno barco caiu direto no esgoto.
Ainda com uma ponta de esperança, o menino se abaixou para ver onde o barquinho tinha entrado. O escoadouro parecia escuro demais e não parecia haver nada além da água que entrava.
Foi que se escutou uma risada baixinha de dentro do esgoto e o garoto olhou cara-a-acara pra um palhaço de branco com um grande nariz vermelho.
"Olá, George. Prazer em conhecê-lo. Você quer um balão?" O palhaço ofereceu um balão ao menino, um pouco relutante.
"Desculpe, mas meu pai disse que não se deve aceitar nada de estranhos."
"Oh. Muito sábio de seu pai, devo reconhecer. Eu sou Pennywise, o palhaço dançarino, e você é George. Correto?" George confirmou. "Agora não somos mais estranhos. Estou certo?"
"É, acho que tem razão. Preciso ir. Até." George se levantou e já ia embora quando Pennywise o chamou.
"Ei, espere. Não vai levar isso?" O palhaço mostrou o barquinho. George sorriu.
"Você ia ficar triste se o perdesse, não é? Você gosta de circo?"
"Eu amo circos. Algodão-doce, amendoim, pipoca."
"E balões. Você vai querer um?"
"Eles flutuam?"
"Oh, sim. Eles flutuam. Todos flutuamos. Se vier aqui, também vai flutuar." Pennywise mostrou o barco como que quisesse entregar a George, que se abaixava mais pra tentar pegá-lo.
Nessa hora, o semblante do palhaço mudou, agarrando o braço do menino e abrindo sua boca, exibindo uma imensa mandíbula, com a a qual mordeu fortemente o braço de George.
Pennywise pareceu satisfeito com sua ação, mas notou um gosto estranho no braço que mordera. Não parecia carne e o rosto de George não exibia medo ou horror. Apenas um rosto de ironia. "Que é isso? Isso não é carne. Parece...mercúrio."
"Você não é o único com capacidade de se transformar." A forma do garoto foi se desmanchando lentamente, modificando-se a uma imensa gosma acinzentada que foi envolvendo a criatura-palhaço, que lutava pra escapar, mas acabou arrastada pra fora do esgoto, ficando presa na forma gelatinosa, incapaz de fugir.
"Alvo capturado. Podem pegar." Informou a criatura de mercúrio. Foi que diversos homens de vestes pretas armados emergiram das imediações, cercando ambos os seres. Um homem de mais idade liderava o grupo.
"Atenção, agentes. Preparem a contenção. Liberte esse sujeito ao meu comando, amigo. Quando contar 3. 1, 2...3." O ser de mercúrio libertou Pennywise, que acabou atingido à queima-roupa por vários disparos dos agentes. Pennywise resistia com tudo, mas depois de minutos, foi derrubado e preso num campo de força. Ele se debatia pra sair, esmurrando o campo inutilmente.
"AHHHH. ME DEIXEM SAIR. ME DEIXEM SAIR. VOU DEVORAR A TODOS COMO TENHO FEITO HÁ MILÊNIOS." O agente mais velho chegou perto.
"Foi mal, palhação, mas acho que o circo fechou." Ele pegou um rádio do bolso do paletó. "Zed. Operação IT completa. Temos ele encarcerado."
"Excelente, K. Temos um voo pra PLM reservado. Vai ficar numa ótima acomodação, onde não tem crianças. Quero ver como ele vai fazer."
"Tô sabendo. Depois te ligo, ok?" K se dirigiu ao ser de mercúrio enquanto os demais homens puxavam o campo com o mostro em forma de palhaço pra um caminhão escondido.
"Bom trabalho, George. Nos prestou um grande favor."
"Eu tinha que fazer. Após me darem um lar e uma família aqui na Terra depois que deixei Appellax, era justo eu retribuir. Mas uma coisa eu digo:" George voltou a aparência de criança. "a cidade não vai mais sofrer com a influência dele, se bem que podiam dar um jeito no Henry Bowers."
"Temo que lidar com valentanismo não esteja dentro da nossa alçada, mas talvez eu possa resolver isso fora do expediente. Hora de voltar pra sua família adotiva. E não esqueça isto." K passou o barco de papel pra George, que sorriu em gratidão. O homem mais velho deu-lhe a mão.
"Obrigado. Bill ia me matar se eu perdesse isso. Ele é um irmão bem legal." "Irmão assim só temos um. Portanto, cuide bem dele. E os dois seguiram em meio a chuva que caia incessantemente.
FIM.
Desde que vi o remake de IT, me senti motivado a escrever algo com relação ao filme e pensei: por que não com os Homens de Preto?
Fãs das antigas da DC, especialmente da Liga de Justiça original, irão notar algo presente da origem da liga na história.