Parte 6: Ilhado

Recobrando a consciência lentamente, Louleck podia sentir a areia em suas mãos quando se erguia. Olhando ao redor, percebeu que não estava mais na casa de Youta. Pra dizer a verdade, o lugar nem ao menos se assemelhava com Tokyo ou outra cidade. Dava a impressão de parecer uma ilha, pelo som de ondas batendo.

"O-onde eu estou? O que era aquilo que me atingiu? Não pensava que o velho pudesse ser tão esperto."

"Vejam só quem voltou a estar entre os vivos." Uma voz feminina pôde ser escutada por trás de Louleck.

"Hã? Quem é você?"

"Fique calmo, bonitão. Esteve desmaiado por horas desde que te encontrei." A mulher disse em tom tranquilo.

Ela se vestia de um modo bem peculiar: usava um tipo de traje de couro preto com joias roxas incrustadas e botas longas, com longos cabelos negros e olhos cinzas. Parecia que seu olhar mostrava algo fascinante, que Louleck parecia sentir interesse.

"E onde eu estou, afinal de contas?"

"Está no mesmo lugar que eu: uma ilha praticamente esquecida pelo mundo. Suponho que caiu aqui porque falhou com alguém, não?"

"Hmmm. De certa forma. Eu era um criador de video girls para a Videolocadora Paraíso e meu trabalho era perfeito em todos os sentidos. Tentava mostrar aos de coração puro que o amor não passava de uma ilusão, mas infelizmente um dos 'clientes' acabou por se apaixonar, ou coisa do tipo, por uma video girl defeituosa e acabou me desafiando. No final, conseguiram me derrotar, mostrando que o 'amor' era mais do que eu pensava, e aqui terminei."

"Outro com problemas de amor. Foi comigo a mesma coisa, mas no meu caso, me apaixonei por meu mestre e estava determinada a fazer a vontade dele pra ter seu amor. Entretanto, terminei deixada de lado e praticamente eliminada por ele só por ter falhado. Mas no último instante, conjurei um feitiço que me permitiu escapar da não-existência onde seria jogada. No fim, terminei neste lugar sozinha por muito tempo...até você chegar."

Louleck contemplou mais atento à mulher. "Está vendo como o amor é uma coisa inútil? Se não fosse isso, não terminaria acabada nessa desolação."

"Olha. Não sei o que se deu com sua vida, mas ainda que eu não tenha sido correspondida, não penso no amor como algo inútil. Só cometi o erro de me ligar em alguém que não me amava." Ela suspirou por um instante. "Dessa forma, o melhor seria eu continuar. Afinal, para um sapato velho, sempre haverá um pé cansado pra calçá-lo."

"Então pelo que entendo," Louleck entrou no assunto. "ainda pensa em achar uma pessoa que te ame. Não é isso?"

"Acertou. O amor nem sempre é fácil, mas ele existe se acreditar. Só acho uma pena que não acredite, pois até que te acho...bem bonito."

"Sério isso?" "E como. Olha, por que não vem comigo que te mostro a ilha? Tem uns lugares interessantes que deveria ver, e apreciaria e muito uma companhia." Ela estendeu a mão pra Louleck, que aceitou.

"Bem, por que não? A propósito, eu não me apresentei devidamente. Eu sou Louleck."

"Nome simpático. Eu sou Alcyone." E com um leve sorriso, o homem de sobretudo deu a mão pra Alcyone, seguindo-a pela praia.

FIM.

Mais uma parte antes do fim.

Kihoshi e Miyone brincavam com as amigas no quintal com Mai observando-as enquanto Mai pegava um pouco de sol. Youta e Ai-Chan haviam ido ao médico para confirmarem uma coisa que tinha todos os sinais bem claros.

Não demorou muito para o amoroso casal retornar. Indo pela entrada do quintal, os dois encontraram sua família aproveitando bem o dia.

"Não perde uma chance de se mostrar. não é, querida? Acha que vai ser mostrar mais atraente com um biquíni desse tamanho?"

"Humpt. Tem inveja porque meus seios são bem mais desenvolvidos." Mai falou bem orgulhosa.

"Isso quando a gente era adolescente. Entretanto, o tempo foi generoso comigo e ganhei peitões bem maiores que essas bolas murchas que exibe aí." Ai-Chan comentou, erguendo os seios triunfantes. Youta mostrava-se meio embaraçado.

"Garotas. Não é desse jeito que 2 esposas devem agir. Que tal discutirmos isso depois, isso é, sem tanta atenção, e falarmos as boas novas?"

"Ah, é. Miyone, Kihoshi. Novidades. Os exames foram como previstos."

"Verdade, mamãe?" "Então, mamãe Ai-Chan. Isso quer dizer..."

"Acertaram, minhas fofinhas. Estou esperando outro bebê, e será menina. Vocês serão irmãs mais velhas."

As duas abraçaram Ai-Chan com alegria. Mai fez a mesma coisa.

"Que maravilhoso, Ai-Chan. A chance de termos outra criança é magnífica. Um pouco trabalhoso, mas valerá. Oh, sim. Já decidiram pelo nome?"

"Faz tempo, querida." Youta acariciou a barriga de sua esposa loira. "Esteja pronta para ser recebida pela família mais louca e divertida que irá conhecer...Natsumi."

FIM(mesmo).

Me perguntava pra onde teria ido Louleck depois do aparelho do Vovô o atingiu e a ideia de uma ilha deserta me pareceu a mais apropriada.

Alcyone foi uma vilã cujo fim por lutar por amor nunca me agradou, seja no anime ou mangá(onde ela teve um final mais injusto). Assim como Louleck, penso que ela foi para outro lugar e não morta.

A parte da segunda gravidez de Ai-Chan ia ser registrada no capítulo 5, mas acabei esquecendo e não teve como eu reeditar lá. A solução: escrevê-la aqui mesmo.

Natsumi sempre foi um nome que o nosso feliz casal teria dado à filha, se houvesse chance disso ter sido explorado no mangá, seja Video Girl Ai ou Len.