Parte 1: Fim Da Tormenta


"Eu também te amo, Youta." Responde Ai-Chan, segurando-se nos braço de Youta, após recobrar a consciência.

"Ai-Chan..." Youta disse de volta, não podendo evitar as lágrimas.

"Bah. Defeito de novo? Vou ter que levá-la." Louleck, o criador de Ai, disse ao ver qua reprogramação não funcionou.

"Eu não vou entregá-la. Ela não é mais sua."

"Vai mesmo protegê-la? Mesmo ela sendo defeituosa?"

"Ela não é defeituosa. É a pessoa mais maravilhosa que conheci em minha vida e eu..." Louleck o censurou com a mão.

"Por favor, não me venha de novo com essa cascata de 'amor'. O que o amor já fez? o que há por trás dele?"

"Quer saber?" Youta se virou e o contra-argumentou em tom desafiante. "Amor te a ver com 2 coisas: se importar e compartilhar."

"Se importar? E compartilhar?"

"Exato. Amor é quando você gosta de alguém e se importa tanto com esse alguém que fará de tudo por ela, até mesmo arriscar a própria vida. Por que acha que me arrisquei tanto pela Ai-Chan? Porque me importo com ela, e me importo com os sentimentos, pensamentos e emoções dela. Quero conhecê-la, saber o que ela pensa, sente e sei que ela também quer o mesmo de mim. Isso tem a ver com compartilhar, o extremo oposto do egoísmo, como você define o amor."

Louleck pareceu um tanto incerto. "Quer dizer que estaria disposto a se sacrificar por alguém só porque se importa? Faria isso pela Ai?"

"Sem pestanejar." Respondeu Youta.

"E eu digo igual. Para mim, Youta é tudo. Não vale a pena viver sem ele." Concluiu Ai-Chan. "Entenderia se tivesse alguém importante na sua vida. Se não tem, acredite, mas você é digno de pena."

Se antes Louleck parecia em dúvida pelos argumentos deles, agora ele ficara sem resposta. Depois de uns segundos, olhou para os dois.

"Ok. Você venceram."

"V-vencemos? Sério?"

"Sim, Ai. Por mais estranhas e absurdas que ainda considere suas palavras, vejo um foco de razão nelas. Ei, Youta." "Sim?" "O velho lhe disse que estava concluindo o processo de transformação dela?" "Sim. Falou que precisava ligar um cabo e amanhã, Ai-Chan seria humana."

E sem dizer nada, o cara de sobretudo sumiu num estouro de luz, levando Youta e Ai-Chan.


Quando abriram os olhos, viram estar numa sala tecnológica com um grande computador no centro.

"Isso aí é...?" "Sim, Youta. É o computador central da Paraíso. Venha me ajudar se quiser que a Ai seja sua, e venha logo."

O garoto mostrava-se um pouco preocupado com o que poderia acontecer, mas foi sem dizer nada.

Louleck examinou o aparelho e localizou na hora a conexão onde o Vovô trabalhava. Com o auxílio de Youta, foi bem ligeiro o serviço de conclusão do processo e ao ligar os cabos restantes, o computador foi brilhando e se ajustando aos sistemas estabelecidos. Nessa hora, um brilho forte e intenso tomou o corpo de Ai-Chan.

"AAAAHHHHHH." A garota gritou como que tomasse um severo choque. Youta quis até ela, mas Louleck o deteve.

"Não vá. Se fizer isso, deterá a transformação e vocês dois morrerão. Aguarde." Youta não pôde fazer nada a não ser assistir.

O choque não durou mais que uns instantes e Ai-Chan caiu no chão, respirando com dificuldade.

"Ai-Chan. Ai-Chan. Fala comigo, por favor. Você está bem?" Youta a segurou e nisso, reparou que as espirais no cabelo da menina sumiram, deixando-a com a franja alisada.

"Ai-Chan. Seu cabelo." E passando a mão na franja, a jovem notou a diferença em seu cabelo, vendo o que tinha acontecido. Sem esperar qualquer reação, começou a chorar no ombro de Youta.

"E-eu...sou humana. Eu sou humana. Estou tão feliz. Obrigada por não desistir de mim, Youta. Eu te amo." "Eu também te amo, Ai-Chan. Meu coração é seu." "E o meu também é seu."

"Desculpe acabar com a novela, mas é hora de voltarem." E com um gesto de mão, Louleck tirou todos da sala.


"Acho que nunca vou me acostumar com isso." Respondeu Youta, olhando ao redor, percebendo que tinham voltado pra sua casa.

"Mas enfim, acabou." Ai-Chan se segurou firme no garoto. "Ao menos, acho que sim."

"Acabou mesmo, Ai. Se querem uma prova," Louleck apontou para o videocassete. "vejam por si próprios."

O casal foi até o video ainda ligado e notaram que o contador não rodava. Youta pôs a mão dentro e não achou nenhum sinal da fita de Ai.

"Suponho que estão satisfeitos, certo? Nesse caso, me retiro, pois há outros assuntos a tratar." Ele deu de ombros, mas voltou um olhar duro pra Youta. "Mas fique avisado, garoto: se eu souber que deixou ela pra ficar com outra pessoa, eu voltarei e a levarei de vez e a você, prometo uma vida bem dolorosa."

"Melhor não vir com essa de ameaçar-nos."

"E acha que pode fazer algo comigo? Eu pagaria pra ver." O homem de sobretudo deu um sorriso torto. Em resposta ao desafio, Youta pegou o videocassete e o erguem acima da cabeça.

"Hah. E o que pensa que vai fazer com isso? Me acertar?"

"Não. Só um último presente do Vovô pra você." E sem hesitar, tacou o aparelho no chão, abrindo o ornamento na parte superior, liberando um tipo de raio na direção de Louleck, envolvendo-o e sugando-o como um buraco negro, pois aos poucos, seu corpo foi se desfazendo-o.

"AHHHH. AQUELE MALDITO VELHO. NÃO POSSO SUMIR. NÃO QUERO SUMIR..." E com o sumiço de Louleck, o campo de energia foi desaparecendo e o vídeo, desligando.

"Tomara que ache uma pessoa que goste de você, seja lá pra onde vá. Blééééé." Ai-Chan mostrou a língua no lugar onde seu ex-mestre estava, pra depois se vira pra Youta.

"Puxa vida. O Vovô era bom mesmo. Sentirei falta dele."

"Eu também, mas ele ia querer que seguíssemos em frente. Ah, Youta."

"Sim, Ai-Chan?"

"Já pode me beijar. Esperei mais de um ano por isso." "Tudo bem, mas só porque pediu." E os dois jovens deram um beijo dos mais iluminados, como se ambos unissem-se num único corpo, desfrutando cada instante como o último, mas agora, estava juntos para sempre.

"Eu te amo, Ai-Chan. Nunca me deixe."

"E eu amo você, Youta. Agora e sempre." Uma pausa, com uma olhada rápida pra cama. "Que tal deixarmos o aperitivo e irmos direto pro prato principal?"

"Tá certo, sua malandrinha. Só vou pregar os preservativos. Estão guardados no criado-mudo."

"Já tem preservativos à mão?" "Ô. Desde que veio morar aqui." "Então já queria tirar uma casquinha minha desde o início? Seu levado." Ai-Chan lhe deu uma leve cotovelada e uma piscada, mas depois lhe segurou a mão. "Mas é isso que amo em você." E com mais um beijo na boca do garoto, Ai-Chan foi na direção do quarto, tirando uma a uma suas peças de roupa.

"Vem ou terei que fazer sozinha?" E sem esperar nada, Youta sorriu e se apressou pra alcançá-la.


"Acho que ele está acordando." Disse a garota de cabelo vermelho com uma trança, olhando fixamente pro idoso deitado que recobrava os sentido.

"O...onde estou? Como que...? Quem são vocês?"

"Nós somos amigas." Respondeu uma jovem de óculos e cabelo castanho. "Estávamos monitorando tudo que acontecia e nos esforçamos pra salvá-lo do esquecimento."

"Isso porque não concordamos com as regras da Paraíso." Seguiu outra garota com uma longa cabeleira azul. "O amor é valioso e merece ser preservado e não é, como disse aquele cara, uma 'palavra bonita pros humanos enfeitarem o ego' ou seja lá como aquele traste citou."

"Eu lhe sou grato, meninas. Fico feliz de haver outros que valorizam o valor."

"Um dos motivos porque o salvamos. Estamos elaborando um plano pra enfrentar a Paraíso e necessitamos de um perito no assunto." Falou a de cabelo vermelho.

"E então? O senhor nos auxiliaria?" Indagou a jovem castanha.

"Naturalmente. Podemos começar quando quisermos." O Vovô falou contente pra três meninas que o rodeavam.

"Legal. Então tratemos de..." Nessa hora, um bichinho similar a um coelho branco gordinho pulou na cabeça da moça de cabelo azul, desarrumando seu penteado.

"AHHH. Já disse pra não fazer isso. Vem cá que vou te transformar num bolinho de marshmallow." E saiu a toda atrás do animalzinho saltitante, deixando o idoso sem o que pensar.

"Isso é normal aqui?" "Não esquenta. Eles são assim, mas no fundo são bons amigos." Contou feliz a ruiva de trança.

Continua...


Por bastante tempo pensei que seria um final bem melhor pro fim da série. Naturalmente, é minha opinião.

E quem for atento, verá quem são as jovens que salvaram o Vovô do esquecimento.