Wabi sabi
"imperfeito, impermanente e incompleto"

— E então? Como foi? – Mercury perguntou sem desviar o olhar do livro que estava lendo.

Venus revirou os olhos e se jogou em cima de uma das poltronas do salão comunal da guarda real.

— Ela quer que eu vá pra Terra.

— Pra Terra? Fazer o que lá? – Jupiter, que estava afiando sua coleção de punhais, perguntou fazendo uma careta de desgosto.

Venus suspirou cansadamente.

— Diplomacia... A Terra tem feito queixas novamente, primatas enjoados que eles são, Gaia anda enchendo o saco dizendo que os rebeldes estão fazendo pressão, eu não sei como eles acham que vão conseguir se virar sem a gente se não conseguem controlar o próprio povo, enfim. Eu tenho que ir lá fazer média. A Rainha acha que se alguém de auto calão da Lua aparecer por lá as coisas vão se acalmar.

— Meus pêsames – disse Mars escondendo muito mal os traços de riso na voz.

— Obrigada pelo apoio moral, Mars.

oOo

Para coroar a série de desventuras pelas quais Venus estava sendo obrigada a passar, a Rainha a informou na manhã de sua partida que ela não poderia simplesmente se teletransportar para a Terra, mas que ela teria que usar uma nave, como se a Terra não fosse apenas 1,3 segundos-luz de casa e ela fosse uma humana frágil incapaz de viagens interestrelares. Tudo por motivo de aparências, aliás como tudo naquela missão, a justificativa era que o povo da Terra esperava uma cerimônia de recepção e Venus não podia decepcionar. Por mais que não faltassem luxos na nave real separada para ela, uma viajem que levaria alguns fragmentos de segundos agora durariam horas, horas em que Venus não teria nada para fazer e ela não era uma pessoa que lidava muito bem com tédio.

Dizendo isso, não é difícil constatar que, quando a nave finalmente pousou, o humor de Venus não estava dos melhores. Ela enfrentou toda a recepção com sorrisos apertados e monossílabos, em sua defesa, ela não chegou a revirar os olhos durante as maçantes conversas cheia de adulação que teve que enfrentar com os nobres locais, mas ela não conseguiu controlar alguns bocejos, no final do dia a única coisa pela qual ela se sentia grata era pela macia cama do quarto que havia sido disponibilizado para ela. Mas a gratidão não durou muito, pois ela não conseguiu dormir e ficou se revirando irritada cada vez que seu travesseiro ficava quente e desconfortável.

Cansada de tentar dormir, ela se levantou, vestiu o roupão de veludo para se proteger da brisa fria, mas xingou baixinho quando a lufada de ar gelado se chocou com força com ela quando adentrou a sacada. Venus realmente não tinha ideia de como os primatas conseguiam suportar as mudanças de temperatura que a atmosfera primitiva daquele planeta produzia.

— Sem sono?

Ela levou a mão ao peito para conter a exclamação de susto quando ouviu a voz masculina.

— Hm, Deusa! Eu não sabia que o quarto ao lado estava ocupado. Você é o... – Ele abriu a boca para responder, mas ela ergueu a palma o interrompendo – não, vou me lembrar! Lorde Nephrite! Do Shitennou, estou certa?

Ele ofereceu um sorriso que parecia mais uma careta.

— Quase. Nephrite é meu tenente, eu sou Kunzite.

— Oh verdade, perdão, foram tantos rostos essa noite.

— Compreendo.

— Mas sim, não consigo dormir. Ficar longe da lua é desconcertante.

— Imagino que seja. Quando até o ar que a senhora está respirando é alienígena.

Venus sentiu algo em si modificar depois que ele disse aquelas palavras, o modo como ele não a olhou nos olhos ao dizer aquilo, a luz vinda de seu lar tocando o perfil do rosto moreno dele como a carícia de um amante. Subitamente ela estava mais consciente de si mesma, de seus pés descalços no chão frio de pedra, dos cabelos despenteados pela falta de sono. Naquele momento, ela não se sentiu tão deusa, mas quase tão humana como o homem na mureta vizinha.

Ela estremeceu, espantando o sentimento, e então sorriu seu melhor sorriso e pode sentir a luz em volta a favorecendo, fazendo com que ela parecesse mais desejável, ato que ela fazia quase inconscientemente.

— Mas oh sim! – Ela bateu palmas uma vez. – Me recordo agora! Minha segunda dança foi com o senhor!

— Então a senhora se lembra – disse ele com um tom quase divertido erguendo uma sobrancelha.

— De fato, como conseguiria esquecer daquele que pisou em meus pés.

— Peço perdão mais uma vez e juro que sou melhor em combate que na dança.

E deu a ele o mais perigoso de seus sorrisos.

— Poderei comprovar a veracidade e tal afirmação amanhã? Posso não ter uma memória confiável para faces, mas sempre me lembro de meus deveres e amanhã está programada uma demonstração de seu poderio em campo de batalha, estou certa?

— Eu posso mostrar agora.

Venus sentiu algo então que ela realmente não esperava sentir num planeta primitivo, tão, tão distante dos bailes com que estava acostumada as áreas mais prestigiadas do cosmo, a excitação transbordando em seu ventre, a sensação, quase como mágica, como se mil explosões coloridas estivessem acontecendo em seu âmago.

— Eu adoraria.

— Podemos ir até um dos nossos campos de treinamento, talvez a senhora encontre o sono perdido durante nossa caminhada.

— Eu ficaria encantada.

— Certo, eu vou vestir algo mais próprio e logo estarei na sua porta.

— Estarei a sua espera.

E alguns momentos depois, quando ouviu a batida na porta, Venus não estava vai vestindo o roupão, pois não sentia mais frio nenhum.

Talvez ele tivesse toda a intenção de leva-la par ao tal campo de treinamento, ela gostava de fantasiar que ele fosse mesmo inocente a tal ponto, mas ela sabia que estava se enganando, pois ele não mostrou nenhum sinal de surpresa quando, assim que ela abriu a porta, foi puxado para dentro por duas mãos rápidas e seus lábios foram tomados pelos dela avidamente sem que antes houvesse qualquer explicação ou introdução.

Ela até mesmo achou que ele fosse contestar o rumo que a interação entre eles havia tomado, quando ele quase forçadamente os separou, mas logo foi provado que estava errada quando ele simplesmente tirou a própria túnica e a virou de costas. A abraçando por trás, suas mãos subindo do ventre de Venus até alcançar a protuberância macia de seus seios, que ele moldou com as palmas das mãos, sentindo o calor e o peso através da camisola rendada. Venus suspirou quando uma das mãos dele deixou o seio que antes segurava para afastar os cabelos dela do pescoço e começar a depositar ali beijos e pequenas mordidas. Sentindo a excitação dele, ela empinou os quadris jogando o peso para trás e sorriu ao sentir o gemido dele em sua orelha. Logo, as carícias dele deixaram de ser tão delicadas e ele a empurrou em direção a cama com o próprio corpo, o último empurrão fazendo ela sufocar um grito de surpresa quando ele os separou fazendo com que ela caísse sobre os cobertores macios sendo amparada pelas palmas das mãos. Ela nunca havia estado tão passiva numa situação amorosa, mas ela não podia dizer que não estava gostando. Era divertido fingir que ele tinha todo o poder naquela situação, que ela não poderia fazer com que ele explodisse em mil pedacinhos sem ela ter que se esforçar muito. Era divertido ser tocada por alguém tão frágil, ainda que aparentasse tanta força.

Ele não ficou muito tempo sem tocá-la, logo uma de suas mãos calejadas estava separando os joelhos de Venus, subindo pela parte interior de suas coxas e fazendo com que a pele em volta de tornasse áspera com os arrepios.

Ele fez um ruído gutural quando seus dedos finalmente alcançaram o lugar onde Venus tanto precisava dele e constatou que ela já estava pronta.

Venus se virou quando ouviu o som dos joelhos dele tocando o chão. Ela arfou com o olhar que ele lhe deu, as írises prateadas quase desaparecendo na imensidão negra, como se a aurora fosse engolida novamente pela noite. Ela engoliu seco e se aproximou da borda da cama, levantando a camisola, que foi despida com ajuda dele e abandonada em algum canto do quarto. Ela se aproximou do rosto de Kunzite, beijando sua testa, provando a fina camada salgada de prespiração, os beijos seguiram para baixo, entre os olhos dele, na ponte do nariz, bochechas e por fim lábios.

– A senhora tem certeza de que é isto o que deseja? – Ele perguntou com a voz rouca.

— Como nunca desejei nada antes.

Ele inspirou fortemente antes de puxar o cabelo dela para trás, expondo sua garganta, inspirado nos cuidados que ela vinha ministrado tão docemente, ele desceu os beijos pelo vale dos seios de Venus, ventre baixo, até chegar onde ela realmente o queria. Venus deixou escapar uma exclamação alta quando sentiu a língua dele a tocar, circundando e esfregando o feixe de nervos, mas a exclamação virou um grito quando ela sentiu um dos dígitos dele a penetrar.

Ele se afastou momentaneamente e ela soltou uma lamúria coma frustração da perda.

— Senhora, por mais lisonjeiro que seja para mim ouvi-la, esta ala do castelo é habitada.

— C-certo. Mas faça aquilo de novo.

Ele lhe deu um meio sorriso antes de se inclinar de novo em direção a ela.

Venus nunca pensou que um primata poderia ser tão bom naquilo. Ela sempre achou que eles fossem primitivos demais para compreender as artes da sedução e do prazer, eles eram tão obcecados com heranças e sucessões que ela achava que eles usassem sexo somente para reprodução, mas estava feliz, dessa vez, em descobrir que estava errada.

Mas logo qualquer pensamento de julgamento ou de qualidade desapareceu quando ela alcançou o clímax. Seu corpo que antes estava senso suportado pelos cotovelos caindo pesadamente sobre a cama enquanto ela se contorcia em lamúrias de deleite.

Ela sentiu o peso dele ao seu lado e se virou para ele arfante.

— Onde o senhor precisa de mim agora?

— Eu esperava que a senhora tomasse a iniciativa do próximo passo.

— O senhor tem certeza?

— Não tenho dúvidas de que a senhora não vai decepcionar.

Ela sorriu e o empurrou pelo ombro de forma que ele caiu de costas na cama, seus cabelos prateados se espalhando pelo lençol.

Ela jogou uma perna do outro lado do quadril dele, sentando em sua pélvis. Venus espalmou as mãos no peito de Kunzite e, mantendo contato visual ondulou os quadris sem se unir a ele. As mãos do terráqueo subiram para os quadris dela, a segurando no lugar.

— Senhora... Não brinque comigo.

— Mas é tão divertido.

– Eu te imploro.

— É mesmo? – Ela ondulou os quadris mais uma vez, adorando a expressão de desespero que ele fez. – Implora pelo que?

Ele devolveu a ela um olhar faminto e antes que Venus pudesse perceber o que havia acontecido, ele havia trocado de posições com ela e a preenchido com uma estocada só.

Ela mordeu o ombro dele para sufocar o grito.

Ele ficou naquela posição alguns segundos antes de ela o abraçar com as pernas e ele iniciar os movimentos. Venus estava enlouquecendo com o quão lentamente ele estava indo.

— Mais rápido.

— Paciência.

Ela deixou escapar um ruído frustrado e o agarrou pelos cabelos da nuca, beijando-o com força antes de murmurar de novo na orelha de Kunzite.

— Mais. Rápido.

— A senhora é muito impaciente.

Mas dessa vez ele obedeceu e logo ela estava usando beijos para sufocar os gemidos quando o clímax a atingiu mais uma vez.

oOo

— Essa foi, de fato, uma adorável caminhada ao luar onde o senhor definitivamente me mostrou que era mais talentoso em batalha que na dança.

Ele deixou escapulir um riso rouco.

— Espero que a senhora durma com mais facilidade agora.

— Oh, eu estou exausta...

Ele suspirou e se sentou.

— Esta é minha deixa, então.

Mas ela o impediu de se mover colocando uma mão no bíceps dele.

— Não, fique. Acho que mais que o ar alienígena o que estava me incomodando tanto era o vazio em minha cama. Na Lua eu raramente durmo só.

— Senhora, as pessoas vão falar.

— Eu não me importo com que terráqueos digam de minhas virtudes, Lorde Kunzite, pois acredito que sexo consentido entre dois adultos não é motivo para vergonha.

Ele voltou a deitar, uma expressão séria no rosto, Venus se pegou se perguntando o que poderia estar passando na cabeça dele apesar do sono que nebulava seus próprios pensamentos.

— Mas o senhor não me disse, o que estava fazendo acordado a essa hora?

— Eu? Oh, com certeza estava pensando em como convidá-la para minha cama.

Ela riu e desferiu um tapa fraco no peito dele, para depois usar a mesma mão para esconder um bocejo.

— O senhor então tem um senso de humor.

— Absurdo, pode perguntar a quem quiser no castelo.

— Ah com certeza, descobrirei tudo sobre o senhor, mas amanhã... Boa noite, Lorde Kunzite.

— Boa noite, Lady Venus. – Ele respondeu assim que os primeiros passarinhos começaram a cantar.


N/A: Quando eu comecei a escrever essa fic eu não sentei e pensei: vou escrever PWP. Eu tinha pensado em escrever algo sobre a Venus sendo uma lunar bem babaca, que pensa que os terráqueos são primatas estúpidos, mas acaba tendo um caso com um mesmo assim, mas não achei que ia ter nada gráfico. Bem, agora já foi né XD

É uma two shots, podem esperar mais porn, e eu quero dar um final mais felizinho apesar de ser silmil fic, então não esperem muito plot e drama pq não vai ter nada disso.